fOUCAULT, PODER POLITICO E ETICA
Anísia Dias Neta
Para compreender a formação do sujeito em nossa cultura ocidental, a pergunta “quem somos exatamente nesse momento da história?” era considerada de grande importância por Michel Foucault. Da mesma maneira, entendia que a filosofia tem por função fazer um diagnóstico do presente. Assim, a questão central para análise é, ao mesmo tempo, nós mesmos e nossa situação neste momento. Estamos no I Seminário de Genealogias do Escândalo Político no Brasil Democrático, e ao passo que se comemora e analisa os 30 anos de nossa jovem democracia, somos levados a constatar e analisar esta “balzaquiana” envolta a escândalos e corrupção política. Diante disso, entendemos então, que devemos iniciar nossas impressões com Foucault a partir da análise das relações de poder, tema importante para nosso autor, especialmente por entender os processos de construção do sujeito imbricados por tais relações. Em O Sujeito e o Poder, percebemos que não pareceu viável a Foucault fazer o caminho já percorrido por outros, como Hobbes ou Marx, por exemplo, pois, “os modos de pensar poder com base nos modelos legais, isto é: o que legitima o poder? Ou então, modos de pensar o poder de acordo com uma instituição, isto é: o que é o Estado?” (FOUCAULT, 2013, p. 274), não davam conta da análise que pretendia. Para Foucault, o poder é muito mais do que uma força exterior que pode ser cedida a outrem ou a uma instituição; nem mesmo uma que chegue para dominar uma situação ou indivíduos, e se materializa na figura de um grupo. Era preciso estender, ampliar as dimensões do conceito. Isso foi feito de forma inovadora.
O filósofo destaca, em A Vontade de Saber (1976), que não quer fazer uma teoria do poder, mas antes, uma analítica deste, a partir da qual evita investigar a origem do poder, e busca analisar as relações de poder em sociedade. Foucault evidenciará uma nova economia dessas relações:
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