Formação econômica do brasil – capítulo 30-32 - celso furtado
Publicação: 1920. Autor: Celso Furtado.
Os empresários das economias exportadoras de matérias-primas tinham de escolher dentre um número limitado de produtos requeridos pelo mercado internacional ao realizarem suas inversões. No caso do Brasil, o produto que apresentava maior vantagem relativa era o café. Era inevitável que a oferta de café tendesse a crescer por causa da disponibilidade de mão-de-obra e terras subocupadas, e da vantagem relativa que apresentasse esse artigo de exportação. Ao final do século XIX, a expansão da cultura cafeeira teve um lugar dentro das fronteiras brasileiras devidas suas condições excepcionais. Isso levou aos empresários brasileiros a oportunidade de controlar três quartos da oferta mundial desse produto. Alguns acontecimentos como a crise de 1893 e a depressão no mercado mundial em 1897 fizeram com que fosse necessário apelar para o mecanismo cambial, a fim de defender a rentabilidade do setor cafeeiro, configura-se o problema da superprodução. Os estoques de café, que se avolumam ano a ano, pesam sobre os preços, provocando uma perda permanente de renda para os produtores e para o país. No convênio, celebrado em Taubaté em fevereiro de 1906, definem-se as bases do que se chamaria política de "valorização" do produto. Ocorreram transformações como a descentralização republicana que havia reforçado o poder dos plantadores de café em nível regional. Essa descentralização não é estranha à excessiva expansão das plantações de café, que ocorre entre 1891 e 1897. Outra transformação foi a importância crescente da classe média urbana, na qual se destacava a burocracia civil e militar, diretamente afetada pela depreciação cambial. A produção de café cresceu fortemente devido a crise mundial em 1929. Enquanto aumenta a produção, mantêm-se praticamente estabilizadas as exportações. A retenção da oferta possibilitava a manutenção de elevados preços