Formação de equipe
“Não se assuste nem se surpreenda: na formação de uma equipe, muitas vezes o jogador ou atleta mais talentoso é preterido, com justiça, por outro menos qualificado. As equipes não são invariavelmente constituídas apenas pelos melhores. O ideal é formá-las com os certos, ou seja, aqueles, por várias razões mais habilitados a executar uma função que esteja nos planos do treinador, a completar o grupo conforme as necessidades do momento, a compor o time a deixá-lo mais eficiente.
Numa corrida de revezamento, o velocista mais rápido pode não ser tão presto na passagem do bastão, o que levará o treinador a escolher um corredor alguns centésimos de segundo mais lento, mas perfeito na manobra de transferência. Obviamente, o técnico leva em conta o talento, mas também que tipo de resultado o atleta produz. Quanto vale, no voleibol, uma bela cortada, uma cravada com estilo? Um ponto. Quanto vale uma largada? Um ponto também. Não se trata de escolha entre a jogada belíssima e o lance comum, e sim de uma questão de rendimento, produtividade. A escolha do treinador é feita em função da eficiência, dos resultados apresentados e examinados. Recairá sobre o atleta certo para o momento, não necessariamente aquele tido como mais talentoso.
Nalbert, nosso capitão da seleção brasileira de vôlei durante o ciclo olímpico de 2001 a 2004, dizia a Dante, um jogador talentosíssimo: “Seu fosse você jamais ficaria no banco para mim”. Era uma forma de reverenciar o companheiro sem deixar de dizer-lhe que ele, Nalbert, tinha outras características que o credenciavam a ser o titular. O capitão, naquele período, mostrava mais eficiência, segundo testemunhavam nossos levantamentos de produção do jogador (como sacou, como atacou, defendeu, passou, quantos acertos, quantos erros, ações positivas, ações negativas, o seu saldo, enfim, o registro de sua eficácia, aquilo que os americanos chamam de tracks record, a trilha, o caminho da produtividade). O talento, por si