fontes orais
Fontes orais e história do Rio Grande do Sul:
Novas perspectivas ou falsos avanços?
Rejanne Silva Penna*
1. Introdução
A FORMULAÇÃO DE UM “PROBLEMA HISTÓRICO” é fundamental ao trabalho do historiador, constituindo o verdadeiro centro da investigação. É isso o que proponho: pensar como o debate sobre as fontes orais se constrói como problema metodológico. O tema que abordo, uma reflexão sobre metodologia, encontra-se inserido em determinada realidade, buscando a própria historicidade da História Oral. Para tanto, enfoco a utilização das fontes orais em trabalhos relacionados à História do Rio Grande do Sul1.
Selecionei três dissertações de mestrado em História, realizadas entre as décadas de 1980 e 1990, que utilizaram fontes orais. Considero que a produção acadêmica é representativa do estágio em que está a reflexão histórica, porque se espera que a Academia exija um nível de coerência e rigor metodológico que teste, discuta, aprove e, posteriormente, generalize suas experiências de pesquisa. É consenso que, se muitas
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Centro Universitário La Salle.
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Este texto é resultado de parte do processo de pesquisa que desenvolvo em minha tese de Doutoramento, na PUC (RS), sob a orientação da Prof.Dra.Núncia
Constantino.
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PENNA, R.S. Fontes orais e história do Rio Grande do Sul: novas perspectivas ou falsos avanços?
inovações em termos de historiografia não partiram da Academia, foi lá que boa parte delas tiveram início e desenvolvimento.
2. A renovação historiográfica brasileira: brechas para a História Oral
Após um longo período de marasmo, os anos setenta assistiram, se não a uma revolução epistemológica, a algumas transformações significativas na interpretação e escrita da História. Buscava-se superar um tempo em que se trabalhava sempre as mesmas técnicas de investigação, acompanhadas das fontes e temas tradicionais (ver Lapa, p. 70, 1976) e, dominando a tudo, o autodidatismo dos integrantes do Instituto