Fontes da Arte Moderna
Giulio Carlo Argan
"Arte Moderna" não significa arte contemporânea, ou então arte do nosso século ou dos nossos dias. Há um período, ao qual atualmente nos referimos como o das "fontes do século XX", em que se pensou que a arte, para ser arte, deveria ser moderna, ou seja, refletir as características e as exigências de uma cultura conscientemente preocupada com o próprio progresso, desejosa de afastar-se de todas as tradições, voltada para a superação contínua de suas próprias conquistas. A arte deste período é também conhecida como "modernista" — programaticamente moderna e portanto consciente da necessidade de desenvolver-se em novas direções, com freqüência contraditórias em relação às anteriores. O ponto de ruptura na tradição artística é representado pelo impressionismo: o movimento moderno na arte européia começa quando se percebe que o impressionismo mudou radicalmente as premissas, as condições e as finalidades do trabalho artístico. Coloca-se então o problema da avaliação da dimensão histórica do impressionismo, e em primeiro lugar procura-se esclarecer se o impressionismo orientava- se por uma tendência clássica ou romântica, ou se resolvia (e como) a antítese destas duas posições, não mais consideradas como situações históricas determinadas e sim como eternas polaridades do espírito humano. Reivindicando para o artista o objetivo de traduzir na obra de arte a sensação visual imediata, independentemente, e mesmo em oposição, de toda noção convencional da estrutura do espaço e da forma dos objetos, o impressionismo afirmara o valor da sensação como fato absoluto e autônomo: o artista realiza na sensação uma condição de plena autenticidade do ser, atinge na renúncia a qualquer noção habitual um estado de liberdade total, fornece o exemplo daquela que deve ser a figura ideal do homem moderno, livre de preconceitos e pronto para a experiência direta do real. Uma arte que se desenvolva nestas duas direções é intrinsecamente