As fontes da arte moderna - Argan, Giulio Carlo
Tradução: Rodrigo Naves
Qual o sentido de se publicar nos nossos dias um texto sobre arte moderna de
1960? A simples documentação de uma tendência interpretativa já seria uma justificativa
— sobretudo quando se trata de trabalho de um dos mais importantes críticos deste século. No entanto, podemos exigir mais. Em função dos rumos que a arte contemporânea vem tomando, este ensaio de Giulio Carlo Argan ganha uma dimensão extremamente atual. O recente debate sobre modernismo e pós-modernismo — a que Novos Estudos
CEBRAP tem tentado dar subsídios, com a publicação de alguns artigos de importância, como o de Alberto Tassinari (vol. 2 nº4), o de Fredric Jameson (nº12) e o de Perry Anderson (nºl4) — tem trazido à tona algumas interrogações que, se mal delineadas, não passarão de falsos problemas. A renovada oposição entre sensação e estrutura, espontaneidade e racionalismo, visão mítica e clareza formal, realização artesanal e impessoalidade parece querer reatualizar, um tanto canhestramente, a tão pouco histórica polaridade entre romantismo e classicismo que Argan, ao passar em revista as fontes do modernismo, soube mediar de forma admirável.
Giulio Carlo Argan nasceu em Turim, em 1909, e formou-se sob a orientação de
Lionello Venturi, um dos mais importantes historiadores da arte da Itália. Publicou vários ensaios e monografias sobre questões e artistas contemporâneos, bem como sobre realizações do Renascimento e do Barroco. De 1976 a 1979 foi prefeito de Roma, eleito como independente pela lista do Partido Comunista. "As Fontes da Arte Moderna" pertence ao livro Salvação e Queda na Arte Moderna, que a editora Marco Zero — a quem agradecemos a cessão dos direitos — deverá publicar proximamente. (RN)
"Arte Moderna" não significa arte contemporânea, ou então arte do nosso século ou dos nossos dias. Há um período, ao qual atualmente nos referimos como o das "fontes do século XX", em que se pensou que a arte, para ser arte, deveria