Folia de Reis
Disciplina: Antropologia
Al Of PM Lemos, nº 357, turma “D”
Al Of PM Gama, nº 341, turma “D”
A Folia de Reis
Antes de falarmos sobre qualquer manifestação cultural, cabe expor um pouco o que entendemos por cultura. Segundo Edward Tylor, “tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (Laraia, 2001, p. 14). Comentando a definição de Tylor, Laraia coloca que o autor consegue abarcar qualquer forma de realização humana marcado pelo aprendizado, em oposição à ideia de aquisição inata transmitida por determinismo biológico ou geográfico.
Essa primeira definição do conceito, no entanto, sofreu diversas aquisições ou modificações, tendo sua simplicidade desconstruída pelo contínuo aumento de proposições teóricas acerca do termo. A “cultura” havia se tornado o principal objeto da antropologia e seu maior desafio era enxugar o conceito até que se tornasse mais geral, comum, simples, ao mesmo tempo em que fosse universal. Do aparato cultural clássico, iniciado por Tylor, até tentativas modernas de conceituação, como Kessing e Lévi-Strauss, a antropologia, portanto, procurou entender as diferenças e semelhanças culturais entre os povos, os motivos que levaram a essas diferenças, sempre avaliando o processo histórico, o ambiente, as heranças.
Toda essa herança, toda a produção de bens materiais e imateriais, como manifestações simbólicas criadas no intuito de um relacionamento com o mundo sobrenatural – e aqui falamos de um mundo antes da ciência, em que o encantamento ainda sobrepujava o racionalismo – foram passadas por gerações, através de tradições orais, na maioria das vezes.
A Folia de Reis é um exemplo de manifestação cultural que atravessou séculos, não só pelo motivo de estar ligado ao Cristianismo, que persiste como a religião