FLEXÃO X GRAU
GRAU – FLEXÃO X GRAU – DERIVAÇÃO
Alexandre Melo de Sousa (UFAC)
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Um ligeiro olhar no tratamento dado pelas gramáticas tradicionais (GT) para a categoria de grau é suficiente para se verificar as incoerências que reinam, mesmo depois de tantas discussões (em forma de trabalhos acadêmicos) e análises que foram propostas durante os últimos anos. Mesmo os lingüistas não são unânimes quando abordam a categoria de grau, especialmente no que se refere ao seu reconhecimento como processo de flexão ou de derivação.
Nosso propósito, neste trabalho, é retomar a discussão a respeito da flexão e da derivação, dando especial relevo à categoria de grau superlativo. Apoiar-nos-emos, principalmente, nas propostas da
Câmara Jr. (1979, 1987) e de Rocha (1998), mas antes disso, apresentaremos os tratamentos dados pelas principais gramáticas de referência para a referida categoria.
A NOÇÃO DE GRAU NAS GRAMÁTICAS TRADICIONAIS
A visão clássica gramatical concebe o grau como uma categoria lingüística que indica variação de grandeza e estabelece uma relação quantitativa ou afetiva entre significações nominais ou verbais.
Indica, pois, a maior ou menor intensidade da idéia expressa pelo substantivo, pelo adjetivo, pelo advérbio qualificativo (de modo) ou pelo verbo.
Há, entre os gramáticos da língua portuguesa, consenso em tratar o grau como flexão dos substantivos e dos adjetivos, equiparando-o ao gênero e ao número. Tomemos como modelo a gramática de Cunha (1979) para comentar a questão da categoria de grau.
Na referida obra, o autor considera que os substantivos e adjetivos se flexionam em gênero, número e grau, como podemos ver nestas passagens
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Os substantivos podem variar em número, gênero e grau (Cunha,
1979, p. 191).
[...]
Como os substantivos, os adjetivos podem flexionar-se em número, gênero e grau (Cunha, 1979, p. 254).
Tratamento semelhante encontramos em outros gramáticos, como Bechara (s/d),