flexibilidade e reestruturacao
FLEXIBILIDADE E REESTRUTURAÇÃO o trabalho na encruzilhada
LUÍS PAULO BRESCIANI
Engenheiro de produção, Técnico do Dieese
D
entre os vários aspectos que acompanham a chamada reestruturação produtiva, em meio à crise contemporânea que envolve os “mundos do trabalho”, a “flexibilidade” ocupa espaço destacado. Pensada em si mesma, a “flexibilidade” é obviamente a qualidade daquilo que é flexível, que se pode dobrar ou curvar, que é maleável, que possui elasticidade, destreza ou agilidade, mas também aquilo que é domável, complacente, submisso, suave.
No contexto atual, o debate sobre a flexibilidade do trabalho revela complexidade e discórdia. De um lado, estão aqueles que a postulam como característica que deve estar presente nos sistemas de produção, na organização do trabalho, na estrutura de relações trabalhistas, levando empresas e países ao sucesso competitivo e o trabalhador à felicidade inesgotável, à realização profissional e pessoal.
Na trincheira oposta, a “flexibilidade” é denunciada como fonte de todos os males, instrumento do lucro voraz, ferramenta do capitalismo em sua nova ofensiva de final do século XX, e apontada como o novo nome do trabalho, que é flagelo, tortura e dor.
Seus evidentes reflexos sobre o sistema de relações do trabalho e a própria estrutura social trazem a flexibilidade do trabalho para o campo das disputas entre atores sociais e forças políticas.
Análises, projetos e propostas são lançados ou desenvolvidos mostrando diferentes concepções e incertezas, objetivos diversos.
Neste artigo, procura-se focalizar experiências e ações específicas do sindicalismo brasileiro, em particular do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e das principais comissões de fábrica daquela categoria.
AS MIL E UMA FACES DA FLEXIBILIDADE
Inicialmente, será feita uma análise do debate sobre a
“flexibilidade do trabalho” no Brasil a partir da diversidade de suas faces. Para tanto, optou-se