Gênero, precarização e flexibilização
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GÊNERO, FLEXIBILIDADE E PRECARIZAÇÃO: o trabalho a domicílio na indústria de confecções
Magda de Almeida Neves*
Célia Maria Pedrosa**
Resumo: O rápido processo de mudanças na economia global, nos últimos anos, e a reestruturação produtiva reconfiguraram as relações de gênero no trabalho. A entrada cada vez maior do contingente feminino no mercado de trabalho, além de dar visibilidade às relações que se engendram na esfera privada, apresenta um conjunto de novas experiências vivenciadas pelas mulheres no local de trabalho e no contexto mais amplo da própria sociedade. Nestes últimos anos, a dinâmica flexível do processo produtivo acarretou o crescimento significativo do trabalho informal, num processo caracterizado pela sua heterogeneidade e, também, pela forma sistêmica de interação entre o setor formal e o informal. O objetivo do presente artigo é analisar o trabalho a domicílio realizado por mulheres para a indústria de confecção numa cidade de porte médio em Minas Gerais.
O enfraquecimento da regulação do trabalho e dos direitos sociais possibilita a multiplicação de atividades precarizadas, gerando flexibilização do contrato de trabalho, das condições de trabalho, da jornada de trabalho e uma extensão/interação entre espaço privado/ doméstico e espaço econômico/produtivo.
Palavras-chave: relações de gênero, reestruturação produtiva, flexiblidade, precarização.
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Doutora em Sociologia; professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
(Mestrado e Doutorado) da PUC Minas e pesquisadora do IRT/PUC Minas. E-mail: mneves@pucminas.br **
Mestre em Ciências Sociais: Gestão de Cidades/PUC Minas; professora da Fundação
Educacional de Divinópolis/MG (FUNED). E-mail: celia_cmp@ig.com.br
Artigo recebido em 2 maio 2006 e aprovado em 16 ago. 2006.
Sociedade e Estado, Brasília, v. 22, n. 1, p. 11-34, jan./abr 2007
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Magda de Almeida Neves / Célia