Finitude da vida, terminalidade humana?
O processo de luto deve ser elaborado como fenômeno natural que permeia a própria vida. É verdade que neste aspecto devemos matar simbolicamente o outro dentro de nós e esta não é uma tarefa simples, principalmente, se levarmos em consideração a significância daquele que se foi. A situação da terminalidade da vida coloca o humano diante de sua fragilidade, porém o caminho que conduz a morte é, muitas vezes, um percurso sem retorno. O luto envolve nossas reações ao ocorrido, a perda significa um vínculo quebrado, a priori, parte de mim que morreu com o objeto. Estudos apontam que mesmo assim, frente a finitude persiste a esperança em todos os estágios da patologia.
A medicina moderna negligencia o paciente que, assume uma postura passiva mas,é humano. A medicina encara a morte como um fracasso de seus profissionais, a morte deve ser combatida, não importam as condições, como se isto fosse uma negação do fato consumado. O profissional de saúde é especialista em curar a doença e não em lidar com a pessoa e sua alteridade, ali presente. Uma das prerrogativas do cuidado com esta pessoa envolve, sem dúvida, perspectiva do diálogo, que pode ser uma forma eficaz de diminuir índices ansiogênicos, produtores de mal-estar físico e emocional. Agentes de saúde que se dedicam aos cuidados paliativos lutam para preservar a qualidade de vida geral,o bem-estar físico, psicossocial e espiritual coisas que o paciente percebe e é motivo de conforto, tanto para ele como para a família que o acompanha.
O processo de luto até bem pouco tempo era um evento particular, digo familiar, e hoje foi substituído pelo ambiente frio e impessoal do hospital. Neste sentido o fato passou a ser motivo de vergonha, proibição e repugnância. A cremação do corpo, na atualidade, é mais utilizada como forma de camuflar a morte. Adoecer é sinônimo de vergonha da inatividade e isto deve ser ocultado do mundo social, antes vivido e desfrutado. É realidade