filosofos
São Tomás de Aquino
A filosofia cristã reflete repetidas vezes sobre a concupiscência, que é o amor aos bens desse mundo especialmente aos amores sensuais. Santo Agostinho escreveu sobre isso e São Tomás de Aquino, na Idade Média, frequentemente alude a esse tema. Santo Agostinho, que diz que “o amor desejando ardentemente possuir o seu objeto, é desejo; quando, porém já o possui e o goza é alegria”, diz São Tomás que o bem vem antes do mal, e todas a paixões que visam o bem são anteriores àquelas que querem o mal. Para ele o amor precede o desejo e este o deleite. Segue-se a afirmação de que o prazer é o gozo do bem, e este é o fim. Dessa forma foi possível São Tomás afirmar que o amor é a primeira das paixões do concupiscível, pois quando o objeto amado já é possuído, ele se torna uma fonte de prazer; porém, quando ainda está distante, o sentimento que existe é o de desejo ou de concupiscência, e Santo Agostinho diz que ” sente-se mais o amor quando é produzido pela carência”.
O amor romântico surgiu na Europa décadas antes do nascimento de Santo Tomás, através dos trovadores. O nosso teólogo não trata desse assunto pois estava distante da sua realidade. O que podemos usar para uma reflexão sobre o amor como concebido por São Tomás é essa de que o amante participa de alguma forma no amado.
Essa participação seria o desejo em comum do bem, ou seja o amor que é algo desejável e o mais belo dos sentimentos do homem. Poder-se-ia dizer que o amado e o amante estariam ligados por um laço espiritual, de maneira que na concepção católica, essa união consumar-se-ia no sacramento do matrimônio. O fruto dessa união resultaria nos filhos, que são uma prova de esperança do casal.
Essa união de duas almas que se amam só poderia dar frutos duradouros se houvesse um mínimo de equilíbrio entre as personalidades de cada um, além de um desejo de se sacrificar e suportar os defeitos e limitações do amado. A união por proporção é a mais admirada por São Tomás