O que um filosofo

O que é um filósofo? (entrevista com M. G. Foy, publicada em Connaissance des hommes, nº22, outono de 1966, p.9)
-Qual é o papel do filósofo na sociedade?
O filósofo não tem papel na sociedade. Não se pode situar o seu pensamento no movimento do grupo¹. Sócrates é um excelente exemplo: a sociedade ateniense pôde apenas lhe atribuir um papel subversivo, seus questionamentos não podiam ser admitidos pela ordem estabelecida. Na realidade, há pouco tempo que tomamos consciência do lugar do filósofo, em suma designamos a ele um papel retrospectivo.
-Mas então como vocês se integram na sociedade?
Me integrar... Você sabe que até o século XIX os filósofos não eram reconhecidos. Descartes era matemático, Kant não ensinava filosofia, mas antropologia e geografia, nós aprendemos retórica, não filosofia e, não há portanto nenhum lugar para o filósofo se integrar. É no século XIX que surgem enfim as cadeiras de filosofia²; Hegel era professor de filosofia. Mas nessa época acordamos de que a filosofia trata somente daquilo que lhe diz respeito.
- Que coincide mais ou menos com a ideia da morte de Deus (essa época)?
De certo modo, mas não devemos cair em erro. A noção de morte de Deus não tem o mesmo sentido de acordo com Hegel, Feuerbach ou Nietzsche. Para Hegel, a Razão toma o lugar de Deus, é o espírito humano que se realiza pouco a pouco; para Feuerbach, Deus é uma ilusão e que aliena o Homem, uma vez varrida essa ilusão o Homem toma consciência de sua liberdade; para Nietzsche, finalmente, a morte de Deus significa o fim da metafísica, mas deixa um vazio e não é absolutamente o Homem que o ocupará.
- Sim, o último homem e o super-homem.
Com efeito, nós somos os últimos homens no sentido nietzschiano do termo, o super-homem (übermensch) é o que superará a ausência de Deus e a ausência do homem no mesmo movimento de alinhamento³. Mas já que vem ao caso Nietzsche, podemos voltar à questão: para ele o filósofo é o que diagnostica o estado do pensamento. Nós podemos, aliás,