Filosofia e literatura
Filosofia e literatura estiveram mais próximas que distantes na longa trajetória intelectual do ocidente. No Brasil, quando levamos em consideração o grande número de centros especializados em literatura e filosofia, constatamos não ser grande o número de pesquisas sobre a proximidade dos dois saberes, como se os estudos não pudessem dar uma contribuição significativa ao pensar filosófico e à teoria literária. Apesar de alguns trabalhos importantes publicados nos últimos anos, ainda temos muito a pesquisar e publicar nesta área, pois ao refletirmos sobre a interface entre filosofia e literatura nos encontramos na longa história de ambas. Em alguns momentos desta longa história, não é tão simples distinguir o filosófico do literário e vice-versa, talvez porque não tenhamos aprendido a pensar parte da filosofia a partir de suas formas literárias e da literatura como imbuída de temas apresentados ou aprofundados pela filosofia. Mas, para além das formas, constata-se que a relação entre filosofia e literatura não se restringe às formas literárias da filosofia ou à influência desta na literatura. Há momentos de verdadeira fusão entre uma e outra e nisto consiste também parte da história de ambas.
Tentativas de delimitação
A relação entre filosofia e literatura pertence à história de ambas em sua especificidade e em alguns momentos ambas confundem-se, pois muitas vezes o pensar filosófico se dá na literatura e a literatura refrata os grandes debates desenvolvidos na filosofia. O que nos interessa centralmente no presente artigo não é tanto a delimitação entre a filosofia e literatura, onde iniciaria uma e terminaria a outra, mas o que podemos aprender das “partilhas do saber”, segundo Foucault, presentes em ambas. Alguns estudos sobre filosofia e literatura ainda centram seus esforços em delimitar uma e outra a partir da relação entre conteúdo e forma:
O grande perigo dessas análises, a saber: tornar os