Filosofia da libertaçao e o grito dos excluídos
Joíra Freitas Bruno (
A partir do exame empírico da realidade social da América Latina e da leitura de textos sobre a filosofia da libertação, que apresentam os gritos de milhões como o clamor dos excluídos, muitas vezes abafados na tradição filosófica européia, colocam-nos diante de um problema ético. É essa realidade que este resumo visa descrever, através da apresentação da Ética da libertação, tendo como fio condutor o pensamento do filósofo argentino Enrique Dussel. O referido autor, refletindo sobre os problemas sociais latino-americanos, elaborou uma filosofia fundamentada numa ética onde não basta apenas uma montagem do saber, mas se faz primordial uma nova epistemologia que visa transformar a realidade operante. A Filosofia da Libertação é aqui analisada através da ótica da analética, um novo método de pensamento crítico criado por Dussel, onde o filosofo propõe uma saída do pensamento europeu, descrito como dominador, para uma ética da libertação, que parte do outro como “um” além do sistema da totalidade. A observação do pensamento dusseliano foi feita em cima do seu argumento que a filosofia preponderante, a saber, Kant, Hegel, Heidegger, bem como seus críticos não podem servir de base a um pensamento que se pretende da libertação latino-americana. O argumento de Enrique Dussel parte da ética da libertação como uma filosofia em particular. Tal ponto de partida é coerente com a história da América Latina dada a forte exploração capitalista desde a época da colonização, visível ainda hoje nas mazelas das exclusões sociais, nas diversas formas de opressão, exclusão e marginalização. A ética da libertação é uma possibilidade de estabelecer o dialogo, a partir do rosto do outro e afirmar a alteridade aonde o oprimido possa tomar lugar na mesa de diálogo, construído dialeticamente. Para realizar essa mudança epistemológica, o indivíduo precisa ultrapassar as limitações da sua totalidade ontológica