Filosofia
ENRIQUE DUSSEL
Prof. Donato de Oliveira
Sem dúvida alguma, Enrique Dussel está entre os mais importantes pensadores do nosso tempo. Nele se aliam de forma brilhante o rigor teórico e a paixão política, típica dos grandes pensadores. Sua obra mais recente, Ética da Libertação: na idade da globalização e da exclusão, publicada no México em 1998 e traduzida no Brasil, pela editora Vozes, em 2000, constitui o mais importante esforço de crítica da tradição filosófica ocidental. Trata-se de uma obra que propõe um discurso ético mais abrangente, com a pretensão de fazer a crítica do ´sistema-mundo´ globalizado, a partir do pressuposto de que essa totalidade mundo denominada ´globalização´ ao mesmo tempo que constrói sua identidade — as revoluções da capital tecnológico e do mercado financeiro no sentido do predomínio do capital fictício (como via Marx) — produz também o seu `outro´, ou seja, a exclusão material das grandes maiorias da humanidade, agora denominadas `as vítimas do sistema-mundo´. Segundo as palavras de Dussel, Esta Ética deseja explicar essa dialética contraditória, construindo categorias e o discurso crítico que permitam pensar filosoficamente este sistema perfomativo autoreferente que destrói, nega e empobrece a tantos neste final do século XX. A morte das maiorias exige uma ética da vida, e seus sofrimentos nos levam a pensar e ajustificar a sua necessária libertação das cadeias que as prendem.
O tema da Ética da Libertação no pensamento de Enrique Dussel é o mesmo que o da Filosofia da Libertação. Apresenta-se como um discurso que é construído de modo abrangente, ao mesmo tempo que interpretante de particularidades. Um dos temas importantes na filosofia de Dussel é o da compreensão do lugar da América Latina na História mundial. O tema da particularidade latinoamericana em confronto com a totalidade cultural do Ocidente, européia ou europeizada, norteou Dussel em suas obras até esse início de séc.