FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS O senso comum e a ciência. Os agentes de propaganda não são bobos. Se eles usam imagens é porque sabem que elas são eficientes para desencadear decisões e comportamentos. Veja as imagens da ciência e do cientista que aparecem na televisão. Cientista tem autoridade, sabe sobre o que está falando e os outros devem ouvi-lo e obedecê-lo. Daí que imagem de ciência e cientista pode e é usada para ajudar a vender produtos. O cientista virou mito. E todo mito é perigoso, porque induz o comportamento e inibe o pensamento. Se existe uma classe especializada em pensar de maneira correta, os outros indivíduos são liberados da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam. A especialização pode transformar-se numa perigosa fraqueza. A ciência é uma especialização, um refinamento de potenciais comuns a todos. A ciência é a hipertrofia de capacidades que todos têm. Quanto maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos. A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum que dispomos. A aprendizagem da ciência consiste na manutenção e modificação de capacidades ou habilidades já possuídas pelo aprendiz. Senso comum foi uma expressão criada por pessoas que se julgam acima do senso comum, como uma forma de se diferenciarem das pessoas que, segundo seu critério, são intelectualmente inferiores. Quando um cientista se refere ao senso comum, ele está, obviamente, pensando nas pessoas que não passaram por um treinamento científico. Sem o senso comum, a ciência não pode existir, pois ela é a metamorfose do senso comum. A ciência não acredita em magia. Mas o senso comum teimosamente se agarra a ela. O senso comum é cheio de rituais mágicos, tentativas de interferir no curso dos acontecimentos por meio do desejo. Quando a pessoa lança a bola de