Ciencia e filosofia
O tratamento das problemáticas científicas é encarado como um desafio à filosofia. Se a filosofia deve pensar o seu tempo, contemporaneamente isso significa lidar com as questões e os problemas colocados pela ciência.
Muitas são as formas de se pensar a relação entre filosofia e ciência, e talvez a mais tradicional delas seja a de encarar a filosofia como uma espécie de conhecimento incipiente, à espera de uma formulação científica, de uma sistematização rigorosa. Esse modo de compreender a relação entre filosofia e ciência chama-se positivismo. Positivismo é a crença ou a tese de que conhecimento equivale a conhecimento científico.
A suspeita em relação à filosofia perpassa toda a história do pensamento e pode ser organizada em dois sentimentos até mesmo contraditórios que se alternam em preponderância no decorrer da história:
Em primeiro lugar, o sentimento de que há uma realidade, e essa realidade pode ser conhecida por nós. Em segundo lugar, o sentimento de que o projeto do conhecimento tem limites muito estritos.
Uma outra maneira de pensar a relação entre filosofia e ciência, surgida como reação ao positivismo nos anos 70, 80, apresenta uma desconfiança de que por trás da tese do positivismo havia um pressuposto que compreendia o conhecimento como uma espécie de observação passiva da realidade. Percebeu-se que toda forma de abordagem da realidade tem um componente interpretativo, e que não mais poderíamos nos servir do “dogma da imaculada percepção”.
A partir de então uma outra dimensão de compreensão e investigação das relações possíveis entre filosofia e ciência, distinta do positivismo, que recebeu do nome de “filosofia da ciência”. A ciência é encarada, então, como um domínio de investigação que coloca problemas e questionamento de natureza filosófica e especulativa, e juntamente com a filosofia atinge objetos comuns a ambas, como a teoria do conhecimento, a lógica ou a metafísica.
Filosofia e ciência são esquemas de leitura