Filosofando entre as páginas de um jornal
A "família", como um contexto dinâmico e único para crianças em desenvolvimento, tem sido negligenciado como um tópico proeminente, tanto na pesquisa sociológica quanto na psicologia do desenvolvimento. No entanto, recentemente, as questões sobre "família" estão sendo apontadas como uma das tendências futuras na pesquisa em psicologia. Por exemplo, a Revista American Psychologist (Vol. 56, no. 1) dedicou, em janeiro de 2001, a sua seção de "Perspectivas Internacionais" às questões de "família". Esta seção apresenta uma visão global de várias questões e tendências que as famílias e os psicólogos da família enfrentam no início do século XXI (Kaslow, 2001, p. 37).
A necessidade de pesquisas na área de "família", principalmente sob a perspectiva do desenvolvimento humano, que se caracteriza por estudar as fases de desenvolvimento do indivíduo considerando o que acontece na "família" enquanto grupo, tem sido salientada, particularmente, por Kreppner (1992). Para esse autor, a ênfase no contexto familiar e seu impacto sobre o desenvolvimento individual da criança, particularmente durante períodos de transição, ajuda-nos a compreender como os diferentes modos de realizar as tarefas de desenvolvimento podem afetar o desenvolvimento individual (p. 173).
A importância de se compreender o indivíduo no contexto da "família" vem sendo reconhecida há muitos anos (Burguess, 1926), embora a implementação de pesquisas empíricas tenha ocorrido basicamente após a publicação dos trabalhos de Urie Bronfenbrenner, na década de 70. Focalizar a singularidade e a complexidade da rede relacional da "família" permite vislumbrar um novo quadro de "família" como um grupo específico em desenvolvimento, inserido em um contexto cultural também em desenvolvimento. A noção de que a "família" e a cultura constituem contextos essenciais para a compreensão do indivíduo em sua singularidade é claramente destacada nos artigos