filme: quanto vale ou é por quilo
Ao longo da trama são expostas situações em que existe o sujeito ou grupo que possui um suposto poder e possibilidade de colaborar, e os indivíduos que estão na posição de desfavorecidos, que necessitam de ajuda e devem ser gratos e submissos, de modo incondicional, aos que lhe deram algum auxílio. Algo bem parecido acontece com as Políticas Públicas, que como apresenta Meksenas (2002) são vistas como um favor que a elite faz ás classes populares e não como um direito das mesmas. Essas acabam por se constituir como uma forma de manter o sistema vigente no poder sem formar cidadãos críticos, é um modo de assistência que na prática não tem a função de promover a ascensão dos excluídos, e sim visa conter possíveis reclamações aos detentores de posse. Segundo Carvalho (1995, apud Sawaia, 1999), essa inversão de “direito” em “favor” acaba por fortificar o processo de exclusão, já que essa cultura do apadrinhamento, bastante cristalizada no Brasil, significa simplesmente a sustentação da posição de subordinação dos excluídos em relação a classe dominante.
A ideia acima exposta pode ser exemplificada na cena em que uma senhora se oferece para custear o casamento da filha de sua empregada, e em troca essa trabalharia durante 01 ano para recompensá-la. A proposta chegou para a funcionária como sendo uma atitude solidária da sua patroa, no entanto, essa ao propor tal situação estava visando o lucro que teria com a mão-de-obra de tal mulher. O autor do filme conseguiu fazer uma associação bem explícita com a época da escravidão, em que alguns senhores pagavam a alforria dos escravos e como recompensa esses trabalhariam durante um período de tempo para cessar a dívida, sendo o valor cobrado bem