Filme instinto
Crescimento excepcional desafia o consenso de que o modelo europeu do Estado de bem-estar social fracassou
POR MARCELO MUSA CAVALLARI
VIDA BOA Jovens se refrescam em fonte no centro de Estocolmo. Modelo econômico garante alto padrão para todosEstá tudo errado na Suécia. O Estado é grande demais. A concorrência entre empresas é desestimulada. A legislação trabalhista torna difícil demitir e caro contratar. Os impostos são altíssimos, a carga tributária é pesada e o sistema de previdência privada é perdulariamente generoso. Apesar de tudo isso, o problema econômico que mais preocupa o Riksbank, o Banco Central sueco, hoje, é, surpreendentemente, que o país cresce demais.
Os dados consolidados em outubro mostram que, no período de 12 meses que se encerrou no primeiro semestre de 2006, a Suécia cresceu 5,6%, a maior taxa em seis anos. Economistas calculam que o país vai crescer 4,4% no acumulado deste ano. Será a taxa mais alta dos países desenvolvidos. No mesmo período em que a Suécia cresceu 5,6%, os Estados Unidos cresceram 2,8%. Mesmo a França e a Alemanha, que parecem ter exorcizado a estagnação dos últimos anos, ficaram abaixo, com 4,9% e 3,6% respectivamente. E a Suécia não é um país pobre em desenvolvimento, como a China ou a Índia. Para estes, qualquer avanço tem grande impacto no Produto Interno Bruto (PIB), já que a base de onde se parte é pequena. É como num carro: é muito mais fácil acelerar se a velocidade inicial é baixa. A Suécia, no entanto, já é um dos países mais ricos do mundo, com um PIB per capita de US$ 41 mil. Qual o segredo dos suecos?
Desde o colossal fracasso do comunismo, o eixo da discussão sobre economia política mudou. Não se trata mais de capitalismo contra socialismo, mas, sim, de modelos de capitalismo. A oposição básica é entre o modelo anglo-saxão mais liberal, competitivo e privatista, e o modelo da Europa continental, com uma presença maior do Estado, principalmente garantindo generosos sistemas de