Filme Abril Despedaçado
A QUEM O ABRIL DESPEDAÇOU?
Germano Schwartz1
Luis Gustavo Gomes Flores2
1 INTRODUÇÃO
O tempo constitui um tema que desperta muito interesse nas mais diversas áreas de conhecimento. Embora muito explorado, mas sem esgotar sua dimensão fértil, interessa-nos propor algumas reflexões a seu respeito, em especial a partir de seu desenvolvimento moderno e de suas relações com o Direito. Nessa perspectiva, entende-se que a temporalidade ganha uma relevância peculiar, inscrevendo-se epistemologicamente, de forma marcante, nos mais variados âmbitos do saber, enquanto um tema fundamental na constituição do paradigma moderno. É, também, um elemento de suma importância na sua superação.
Para tanto, pretendemos um diálogo com a sétima arte, a partir de uma proposta de observação do filme
“Abril Despedaçado”, com direção de Walter Sales, lançado em 2001. Sua inspiração foi o romance, de mesmo nome, de Ismail Kadaré3
, conhecido como um dos mais importantes escritores albaneses4
. Trata-se de uma leitura específica de uma história que nos auxiliará na reflexão sobre a operacionalização da semântica do Tempo nas estruturas normativas da sociedade e, sobretudo, na construção do sentido jurídico5
.
A história de Abril Despedaçado é a narrativa ajustada para servir de “elemento” reflexivo sobre a memória e o perdão na observação das estruturas jurídicas. A elaboração da concepção de Tempo na modernidade e suas heranças que ressoam no Direito geram uma serie de problemas em face da complexidade contemporânea. O tema, em si, agrega mais complexidade. É preciso enfrentá-lo utilizando-se de uma reflexão na perspectiva da Teoria dos
Sistemas Sociais. Com isso, pode-se compreender a construção da semântica do Tempo no sistema jurídico e sua pretensão de controle temporal no contexto atual.
1.1 CONTANDO A HISTÓRIA: Abril Despedaçado em tempos de reflexões jurídicas
Abril