resenha do filme abril despedaçado
O filme “Abril despedaçado” retrata a historia de duas famílias, Breves e Ferreira, eternas rivais em disputas territoriais. Em meio a essa luta o filho de uma delas é morto e por respeito a forte tradição da época, o filho da rival deve ser morto da mesma forma para vingar o sangue derramado. Isso demonstra que a tradição familiar era tida como lei e seguida com rigor por todos, mesmo sem estar escrita em lugar algum. Percebe-se ai o principio da lei de Talião, pois quando um dos filhos sugere ao pai reunir forças e exterminar os rivais, o patriarca explica que só se pode cobrar o sangue na proporção que foi perdido, se não poderá pagar nessa ou em vidas futuras.
É possível identificar a ausência de qualquer figura de estado para resolver os conflitos, em contrapartida encontra-se a manifestação de rituais, passados de geração em geração, para resolução dos mesmos. Alguns exemplos demonstrados no filme são: a camisa no vento (quando fica amarela a vingança deveria ser feita), o bracelete preto (o assassino era o próximo a ser morto), o filho mais velho era quem executava a vingança e a presença do assassino no velório da sua vítima. Essa forte tradição familiar manifestada nos rituais era passada de forma oral e obtinha adesão por todos em nome da honra, que curiosamente estava à cima da sobrevivência de seus integrantes.
Verifica-se uma tentativa de rompimento do paradigma quando Tonho tem a chance de fugir e sobreviver, mas por temor aos antepassados e a tradição acaba voltando ao ciclo no qual está condenado a morte. Outro exemplo é quando ele pega um caminho diferente na encruzilhada do que estava acostumado. Também se pode ver a quebra do ciclo quando o filho mais novo da família Breves é morto no lugar de seu irmão, Tonho, causando revolta e busca pela vingança imediata. E por último quando através do livro, busca o conhecimento.
Mesmo se tratando do chamado direito primitivo, é possível encontrar a representação