Fichamento A Bolsa E A Vida
“Na escultura romântica, a partir do século XII, um personagem é mostrado como criminoso e exibido no pelourinho: o usurário”. (p.33)
“A imagem e o sermão, o texto artístico e o texto literário, eis os lugares onde é preciso procurar o usurário tal qual foi visto pelos homens e mulheres da Idade Média”. (p.33)
“É preciso antes de tudo desfazer um equívoco. A história ligou estreitamente a imagem do usurário à do judeu”. (p.35)
“(...). Na verdade, a estes proibiam-se pouco a pouco atividades produtivas que hoje chamaríamos ‘primárias’ ou secundárias’. Não lhes restava outra coisa, ao lado se algumas profissões ‘liberais’ como a medicina – (...) - , senão precisamente fazer com que o dinheiro, ao qual o cristianismo recusava qualquer fecundidade, produzisse”. (p.35)
“Os usurários cristãos estavam sujeitos, na qualidade de pecadores, aos tribunais eclesiásticos, aos provisorados que lhes patenteavam em geral uma certa indulgência, deixando a Deus o cuidado de puni-los com a danação”. (p.37)
“O grande impulso econômico do século XII multiplicou os usurários cristãos. A hostilidade deles contra os judeus era mais alimentada à medida que estes se tornavam às vezes temíveis concorrentes”. (p.37)
“A usura é um roubo, portanto o usurário é um ladrão. E antes de tudo, como todos os ladrões, um ladrão de propriedade”. (p.39)
“Que vende ele, de fato, senão o tempo que passa entre o momento em que empresta e aquele em que é reembolsado com juros? Ora, o tempo pertence somente a Deus”. (p.39)
“Esse roubo do tempo é um argumento particularmente sensível aos clérigos tradicionalistas entre os séculos XII e XIII, num momento em que os valores e as práticas sócio-culturais se transformavam, em que os homens se apropriam de fragmentos de prerrogativas divinas, em que o território dos monopólios divinos se estreita”. (p.41)
“Estranha situação a do