Fichamento - Sobre a morte e o morrer. KUBLER
As epidemias dizimaram muitas vidas nas gerações passadas. A morte de crianças era bastante frequente e poucas eram as famílias que não tinham perdido um parente em tenra idade. A medicina progrediu a olhos vistos nas ultimas décadas. A vacinação em massa praticamente erradicou muitas doenças, sobretudo na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. (pág. 13)
A educação e uma puericultura melhor ocasionaram um baixo índice de doença e mortalidade infantil. Os vários males que causavam uma baixa impressionante entre jovens e adultos foram dominados. Cresce o número de anciãos, e com isto aumenta o número de vitimas de tumores e doenças crônicas, associados diretamente à velhice. (pág. 13-14)
Há mais casos de problemas emocionais nas salas de espera dos consultórios médicos do que jamais houve. Entretanto, os médicos cuidam de pacientes mais velhos que procuram não somente viver com suas limitações e habilidades físicas diminuídas, mas também enfrentar a solidão e o isolamento com os anseios e angustias que deles advêm. A maioria não consultou psiquiatras. São outros os profissionais, como os capelães e os assistentes sociais, que têm de descobrir e suprir as necessidades desses pacientes. (pág. 14)
É para eles que estou tentando delinear as mudanças ocorridas nas ultimas décadas, mudanças essas que, afinal, são responsáveis pelo crescente medo da morte, pelo aumento do número de problemas emocionais e pela grande necessidade de compreender e lidar com os problemas da morte e do morrer. (pág. 14)
(...) É inconcebível para o inconsciente imaginar um fim real para nossa vida na terra e, se a vida tiver um fim, este será sempre atribuído a uma intervenção maligna fora de nosso alcance. Explicando melhor, em nosso inconsciente só podemos ser mortos; é inconcebível morrer de causa natural ou de idade avançada. Portanto, a morte em si está ligada a uma ação má, a um acontecimento medonho, a algo que em si clama por recompensa