Fichamento ergonomia
No término do trabalho, a avaliação é geralmente considerada uma operação óbvia, vista por qualquer ser sensato como legítima e desejável. Esquivar-se de tal procedimento é uma atitude suspeita, que dissimularia um pacto inconfessável com o obscurantismo ou a intenção culposa de proteger um segredo sobre a mediocridade, eventualmente sobre a fraude, dos trabalhadores envolvidos. No entanto, existem há muito tempo razões para adotar, diante dessa questão, uma posição mais circunspecta. (p. 33).
[...] a intensidade não é a única dimensão que deve ser levada em consideração com o tempo de trabalho. Há também a dimensão qualitativa do esforço com, em seu centro, o sofrimento e seus destinos no trabalho. (p.35).
A crise teórica da avaliação se torna patente com o crescimento do que era chamado, nos anos 1970, de as “novas tecnologias” [...] trabalhar é, nesse caso, administrar o imprevisto, prevenir acidentes, as disfunções, as panes, os acidentes industriais. (p.36-37).
A característica maior do “trabalhar” é que, mesmo que o trabalho seja bem concebido, a organização do trabalho rigorosa, as determinações e os procedimentos claros, é impossível alcançar a qualidade respeitando escrupulosamente as prescrições. (p.38)
[...] O real se dá a conhecer ao sujeito por sua resistência aos procedimentos, ao saber-fazer, à técnica, ao conhecimento, ou seja, colocando em xeque a maestria. Trabalhar é fracassar. (p.39).
Trabalhar, ao contrário, é agir com zelo; no caso, é procurar ajustar as prescrições que muitas vezes implicam artimanhas (que às vezes são estabilizadas na forma de regras do ofício). (p.43).
[...] Todos os saberes nascidos da prática do trabalho, porque são em boa parte clandestinos, são frequentemente mal transmitidos pela linguagem. As palavras para designar, descrever, caracterizar esse saber-fazer são cronicamente