Fichamento: documento/monumento de jacques le goff
Luciana Sousa da Silva
A memória coletiva e a sua forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiais: (...) os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador.
(Jaques Le Goff)
Jacques Le Goff, historiador francês e importante estudioso da Antropologia medieval, em seu artigo “Documento/Monumento” fez uma análise criteriosa sobre as diversas formas de produção histórica no decorrer dos tempos, discutindo a relação existente entre monumento e documento.
1. Os materiais da memória coletiva e da história
“O monumento tem como características o ligar-se ao poder de perpetuação, voluntária ou involuntária, das sociedades históricas (é um legado à memória coletiva) e o reenviar a testemunhos que só numa parcela mínima são testemunhos escritos” (p. 536).
Nessa frase o autor refere-se ao monumento como prova histórica, o mesmo sendo visto como referência das relações que o homem mantinha com o passado. Portanto, o monumento por meio de um novo olhar (a do historiador) é ponto de partida para se conhecer um fato histórico, dando novo significado ao passado, transformando-o assim, em um documento no presente.
“A leitura dos documentos não serviria, pois, para nada se fosse feita com ideias preconcebidas... A sua única habilidade (do historiador) consiste em tirar dos documentos tudo o que eles contêm. O melhor historiador é aquele que se mantém o mais próximo possível dos textos” (COULANGES apud LE GOFF, p. 536). Entre os séculos XIX e XX vigorava a ideia que concebia ao documento base para a reconstituição do fato histórico, onde o documento era entendido não como uma recriação, mas como a reprodução fiel daquilo que ocorrera no passado. Ou seja, o historiador apenas colocava-se como um simples copiador, isto é, aquele capaz de ler e reproduzir os documentos, os quais seriam