Fichamento do livro da Monarquia a Republica

COSTA, E. Viotti. Da Monarquia à República: momentos decisivos. 8ª edição revista e ampliada. SP: Ed. UNESP, 2007. Capítulo: O mito da democracia racial no Brasil. (p. 367- 386)

O quadro que Gilberto Freyre forneceu das relações raciais no Brasil expressava, entretanto, uma opinião difundida não apenas entre a maioria da elite branca, como também, surpreendentemente, entre muitos negros. Os revisionistas foram acusados de inventar um problema racial que não existia no Brasil. O estudo das ideologias raciais no Brasil nos fornece uma excelente oportunidade para analisar a dinâmica da mitologia social. São uma parte integrante da realidade social e não devem ser vistos como um epifenômeno. Os cientistas sociais e os historiadores operam no nível da mitologia social e eles mesmos, quer queiram quer não, ajudam a destruir e a criar mitos. No processo, a “verdade” de uma geraçãotorna-se o mito da geração seguinte. Pág 367 O mito ajudou a reduzir o conflito social. Mas impeliu os homens a grandes empreendimentos, alguns bem-sucedidos e outros fracassados. Era uma parte da realidade americana, tão real na experiência popular como o dinheiro, o trabalho e a fome. O mito do self-mademan, que foi tão importante na sociedade norte-americana, não teve a mesma atração no Brasil. Teve significado para alguns grupos petit-bourgeois, imigrantes engajados numa luta pela ascensão social. Os brasileiros em lugar do mito do self-mademan criaram o mito da democracia racial. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, os intelectuais engajaram-sena construção como na destruição desses mitos. A mitologia social não somente aumentará nosso conhecimento sobre a sociedade e a história. Como puderam os brasileiros da geração de Freyre desconhecer seus próprios preconceitos? Como puderam os negros brasileiros daquele período permanecer cegos à discriminação que era uma experiência comum no seu cotidiano? Pág 368
As estatísticas,classificavam 60% da população branca, cerca de 25%