Fichamento alves, rubem
“Não importam as diferenças que separam o senso comum da ciência: ambas estão em busca de ordem.” (p.28)
“O que eu desejo que você anote é isto: a inspiração mais profunda da ciência não é um privilégio dos cientistas, porque a exigência da ordem se encontra presente mesmo nos níveis mais primitivos da vida.
Se não necessitássemos de ordem para sobreviver não a procuraríamos.
E é somente porque a procuramos que a encontramos.
A ciência é uma função da vida. Justifica-se apenas enquanto órgão adequado à nossa sobrevivência. Uma ciência que se divorciou da vida perdeu a sua legitimação” (p. 29)
“Note esta última afirmação: o mundo humano se organiza em torno de desejos. E aqui temos o ponto central de nossa grandeza e miséria.
Porque é do desejo que surge a música, a literatura, a pintura, a religião, a ciência e tudo o que se poderia denominar criatividade. Mas é também do desejo que surgem as ilusões e os preconceitos. Esta é a razão por que a ciência, desde os seus primórdios, tratou de inventar métodos para impedir que os desejos corrompessem o conhecimento objetivo da realidade.
Já que o desejo não pode ser erradicado e é central na ordem de nossa experiência cotidiana, de que forma se relacionam a ordem dos valores e a ordem da ciência?” (p.29)
“O que separa a ordem científica da ordem do senso comum? Uma resposta fácil e simplista é a seguinte: os esquemas do senso comum são absurdos, enquanto isto não acontece com a ciência. Religião, milagres, astrologia, magia: não são todos absurdos que as pessoas de senso comum frequentemente (sic) aceitam?
O que é um absurdo? O mundo de cada um é sempre lógico do seu ponto de vista.” (p.30)
“(...) é a ciência e não o senso comum que parece ser o mais absurdo.” (p. 30)
“A verdade científica é sempre um paradoxo, se julgada pela experiência cotidiana, que apenas agarra a aparência efêmera das