Trab
Por
Kleiton Gonçalves Bezerra Alves
kleiton.alves@bol.com.br http://kleitongoncalves.blogspot.com/ À minha mãe.
Para inteligentíssima Daniela, a garotinha paraplégica que foi à televisão exigir dignidade.
Para V., R., Y., R. e M., nessa estrita ordem.
Para meu Gato.
NOTA
Todos os escritos, aqui, foram realizados do ano de 1998 até 2012. Os trabalhos anteriores à entrada em vigor do mais recente acordo ortográfico da língua portuguesa permanecem com a grafia original.
As ideias tardias me acodem na insônia.
INQUÉRITO
Que mal fiz a você?
- Demonstrou ser seu amor com intenso fervor mais do que um bem-querer.
Como você agiu?
- Turvei teu coração, junto a flores de abril enviei-lhe solidão.
O que você falou?
- Nesses dias que vão moral é exceção, fui apenas o que eu sou.
PASSAGENS
Afogo-me em pesadelos, não tenho cor, sexo ou idade.
Em espanto e desespero acordo numa rua escura: a arte deixa de ser arte e transforma-se em loucura.
GATINHO
Durmo por todo o dia durante este verão, pensando em alegria, sentindo solidão.
Os animais fugiram
(não suportam o sol).
A única alegria é a de um girassol.
O teto está rangendo, mas nunca é um gato, é só um gato falso: é o sol de dezembro pipocando o telhado.
A VISITA DA BRUXA
Fora uma bruxa irlandesa
Numa sexta feira treze
Que atravessou com destreza
De minha casa as paredes.
Lhe ordenei que fosse embora
Que voltasse para Irlanda
Ela disse que era hora
De dar adeus à esperança
E mergulhara meus sonhos
Na eternidade das trevas
E meu olhar sempre tristonho
Escureceu como a terra.
Dei um “adeus” a meus tesouros
Joguei a esperança no poço
Vi meu corpo, dei-lhe socos
Não era espelho: estava morto.
CHAT
Pui os lábios
E as pontas dos dedos
Nas teclas do teclado
Escrevendo
Tantos
“quero
tc com vc tb” A Lua incandesce o céu deixando tudo claro, nós vagamos ao léu qual loucos desnorteados.
Não sei se admiro o céu