Felizmente Há Luar
No teatro clássico, pretende-se despertar as emoções, levando o espectador a identificar-se com as personagens.
No teatro épico de Brecht, defende-se a ”distanciação” a fim de levar o espectador a pensar e a desenvolver o espírito crítico.
Em Felizmente Há Luar! pode se estabelecer um paralelismo histórico entre o tempo representado (1817, em que o povo português, pobre e amedrontado, é dominado por um poder absoluto, sustentado pelo estrangeiro, pela igreja e por cidadãos corruptos e oportunistas) e o da escrita (1961, em que o mesmo povo, com péssimas condições de vida, é dominado pela ditadura salazarista, aliada a monopólios estrangeiros e à Igreja e sustentada pela PIDE que, muitas vezes, se confundia com o cidadão anónimo, o chamado “bufo” que denunciava o povo, colaborando na manutenção do regime.
Nas tragédias clássicas, a acção é marcada pelo Destino, ao contrário do teatro épico onde esta se deve a causas políticas e sociais que a sociedade pode combater.
A estrutura externa e interna da peça
Como a função essencial do texto dramático é servir de base à representação, as peças de teatro compõem-se de um texto principal e de um texto secundário, didascálico.
O texto principal é constituído pelas falas ou réplicas das personagens e o texto secundário fornece informações várias, por exemplo, acerca do cenário, da iluminação, do tom do discurso, entre outras, estando também incluído na didascália a divisão do texto em actos e cenas.
O texto principal permite analisar a estrutura interna e a didascália a estrutura externa.
Relativamente à estrutura externa a peça encontra-se dividida em dois actos, sem divisão gráfica de cenas.
A obra apresenta todo o processo que conduziu à execução do general Gomes freire de Andrade. No primeiro acto trama-se a sua prisão e, no segundo, verifica-se a sua execução.
As personagens
General Gomes Freire de Andrade
O povo
Os Governadores do