Felizmente há luar!

Matilde de Melo

É uma mulher simples, lúcida e corajosa com um elevado sentido de justiça e lealdade, muito determinada e decidida, cresceu num ambiente pobre, humilde e religioso. Não se conforma com hipocrisias e injustiças, a sua posição em relação ao materialismo é de pura revolta. Aparece na peça de vestido negro (simboliza o luto pela prisão do general Gomes Freire de Andrade) e desgrenhada (o que nos revela o sofrimento, o desespero, o estado de alucinação causados pela prisão do general).
Na companhia de general Gomes Freire de Andrade, Matilde era uma mulher apaixonada, carinhosa, sensível e ternurenta. Matilde também era sonhadora, recordava com saudade o tempo pobre, mas feliz, que viveu ao lado do seu amado. Aparece perante os governadores, revoltada, determinada, ousada, resoluta, combativa, corajosa e inconformada perante tanta falsidade, opressão, deslealdade e injustiça. Aparece com um discurso agressivo, crítico e sarcástico, por vezes faz uso de um tom arrogante, desafiador e de desprezo. Porém, num ato de desespero, humilha-se perante os governadores para salvar general Gomes Freire de Andrade. Matilde vê-se inundada pela dor, pelo rancor, pela raiva, pela angústia e pelo desespero quando general Gomes Freire de Andrade é preso. É confrontada com uma crise de valores, mostra-se disposta a ceder perante o poder instituído em troca da vida do general e chega mesmo a questionar os valores em que se basearam a vida do general "(…) Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos (…)” alíneas 13 e 14 página 45. Fez de tudo para salvar o general, desde humilhar-se perante Beresford a ajoelhar-se perante principal Sousa e implorar-lhe que salva-se o general. Quando este morre Matilde entra num estado de alucinação, loucura e delírio e acaba por transformar a tragédia num momento de esperança e apelo à modificação da situação.

Vicente

Sarcástico,