Feliz Ano Novo

Feliz ano novo é um livro de Rubem Fonseca, lançado em 1975. Livro que, posteriormente, foi censurado pelo DOPS (Departamento Ordem Política e Social), um órgão criado em 1924, utilizado pelo governo brasileiro na época em questão, durante a ditadura militar. No conto que nomeia o livro, o autor expõe a classe marginalizada narrando em primeira pessoa, a história do eu-lírico e dos seus comparsas, Pereba e Zequinha, que, devido à necessidades básicas, decidem assaltar uma casa durante a celebração do ano novo. Durante o mencionado crime bem sucedido, eles acabam matando uma senhora e sua filha, donas de casa e um homem que interpelou os rapazes com a frase ‘’não se irritem, levem o que quiserem, não faremos nada’’. Outros atos com significados subentendidos como o estupro à uma garota e o ato de defecar sobre a colcha de cetim de um quarto indicam que tal crime não foi apenas “necessidade”. O eu-lírico e seus comparsas veem naquela situação (o assalto à uma casa pertencente à uma família classe média-alta), de modo consciente ou não, a oportunidade de “se vingar” da violência a quais são submetidos. A violência da pobreza, da exclusão, da invisibilidade social. Veem naquelas pessoas, seus agressores. Como se tivessem colaborado, de certa forma, para que tivessem essa “condição” pobre. Por isso assassinam, estupram e até mesmo defecam no quarto da casa. O livro de Rubem Fonseca remete a situação onde várias pessoas pobres que, através dos saques pela necessidade, tem uma chance de crescer socialmente, mesmo fazendo atitudes ilegais. Tem isso além da questão de que Pereba e Zequinha, engasgados com aquela situação vinda da desigualdade social, julgam que, como esas famílias classes média-alta desfrutam daqueles bens e vivem em condições dignas, elas são as verdadeiras culpadas por toda aquela situação que não só eles vivem mas milhões de famílias pobres em todo país, que mal tem condições de viver. Feliz ano novo é um livro