Resenha crítica feliz ano novo
v ocê conhece o Pereba? E o Zequinha? Nathanael Lessa? Ermê? Não? Então você desconhece os quinze contos reunidos no livro Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca (Editora Saraiva; 1975; 151 páginas; 14,90 reais;). Em um de seus títulos mais polêmicos, Rubem Fonseca denuncia em prosa e na primeira pessoa a violência nas grandes cidades de maneira realística e sarcástica, valendo-se até de palavrões como subsídio em seus contos. O abismo que separa os burgueses e os marginais é abordado pelo autor no conto que dá nome ao livro, Feliz Ano Novo, onde narra a história de marginais que, na noite do Réveillon, invadem uma casa de ricos para desfrutar de todos os prazeres a eles impedidos. A violência contra as pessoas daquela casa, descrita pelo autor, mostra que não era apenas um assalto, mas uma revolução. O tratamento frio com que a selvageria é abordada neste conto é o que o torna ainda mais cruel. A denúncia de uma sociedade urbana individualista, hipócrita e injusta é pautada igualmente nos outros contos: Passeio Noturno I e II, O Outro, Nau Catrineta e 74 Degraus também mostram a violência narrada por seus personagens; O Campeonato e Dia dos Namorados são temas vinculados à sexualidade; Entrevista, O Pedido e Abril no Rio em 1970 narram o desamparo social; Corações Solitários, Agruras de um Jovem Escritor e Intestino Grosso abordam as discussões metaliterárias, mais usada por Rubem Fonseca. O livro dá vida a personagens da sociedade que ninguém quer ver: assaltantes, prostitutas, ex-presidiários, mendigos e biscateiros; a intenção do autor em Feliz Ano Novo é testar a capacidade do ser humano de enxergar a “lama” que o cerca e fazê-lo, acima de tudo, refletir sobre o