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Para a coroa, nunca foi problema os déficits no caixa, a crise na mineração era apenas uma fonte de preocupação, já para a colônia era uma catástrofe. Além de verem seus lucros diminuindo a cada dia, os mineradores sentiam-se oprimidos pelas cobranças feitas por Lisboa. O principal foco era a cobrança do quinto.
Quando em 1750 a Coroa acertara com os representantes de Minas Gerais que o quinto não poderia ficar abaixo de 100 arrobas (1.474 quilos), ninguém podia imaginar que a produção na capitania iniciara um (ainda imperceptível) movimento de declínio. Nos primeiros treze anos em que o novo sistema de cobrança vigorou, tudo correu bem. Os mineiros só deixaram de cumprir a cota mínima em três oportunidades: 1752, 1758 e 1760. Mesmo assim não se pode dizer que a Coroa tenha tido algum prejuízo. Ao contrário. Nos demais anos, o pagamento superou o montante mínimo estipulado, fazendo com que Lisboa recebesse mais ouro do que esperava — para ser exato, faturou um total de 20,5 toneladas, 1,3 tonelada além do mínimo combinado.
À medida, porém, que o abatimento nas lavras foi crescendo, os mineiros, como seria natural, passaram a ter dificuldade em honrar o compromisso com Lisboa. Os quintos recolhidos em 1763, por exemplo, ficaram 250 quilos aquém da cota mínima. Em 1766, a quebra foi um pouco menor: 209 quilos. A partir desse ano, a coisa piorou de vez. Nunca mais os mineiros conseguiriam mandar para a metrópole os 1.474 quilos de ouro da cota. E em alguns anos o resultado seria constrangedor, como aconteceu em 1788, quando a arrecadação alcançou apenas 609 quilos (41% da cota).
Não existia um regulamento específico que estipulasse a forma de cobrança, os valores ou o período. Só uma coisa era certa: todos pagavam, na forma de novos impostos sobre a posse de escravos e transações comerciais, pedágio nas estradas.
Nas ruas, nas estalagens, nos ranchos à beira das estradas, o assunto era um só: a derrama. A notícia sobre os planos da Coroa