FALAR DE DEUS NO MUNDO PÓS-MODERNO
Pe Paolo Cugini
Mudando a cultura e o contexto cultural deve mudar também a maneira de falar de Deus. Aquilo que aparece com sempre mais evidencia é uma cultura da indiferença pela qual todas as posições são iguais, e nenhuma tem o direito de se impor as outras. É a Koiné da tolerância que está sempre mais se difundindo no quadro cultural do relativismo. Se os valores Ocidentais foram varridos pelo fracasso das grandes narrações da modernidade, então agora não existe mais nenhuma autoridade que possa se impor aos outros. Se Deus é colocado no ângulo das pertenças parciais e se é considerado relativo à uma cultura ou tradição, então tudo é colocado no mesmo patamar. Neste novo quadro cultural relativista que abre o caminho a toda forma de pluralismo os grandes problemas da sociedade se resolvem de forma democrática, no redor de uma mesa. A teoria da comunicação de Jürgen Habermas indica que, num debate tipicamente pós-moderno, aonde nenhuma autoridade tem moral para impor aos outros a própria posição, o único caminho a ser percorrido consiste no dialogo da forma tal que tudo aquilo que é colocado deve ser entendido por todos. Isso quer dizer que, neste dialogo pós-moderno na busca de uma solução a um problema, qualquer discurso tipicamente religioso deve ser traduzido para que fique inteligível para todos os interlocutores.
Aprender a dialogar de maneira não autoritária e agressiva, talvez seja um dos grandes desafios que a cultura pós-moderna está levando para o cristianismo, ou melhor, para o catolicismo. Vinte séculos de conversa arrogante exige uma conversão muito dura e difícil, mas necessária e possível, pois não se muda de um dia para o outro. Quem é acostumado a dialogar dando ordens de cima para baixo, tem dificuldade de fazer o pequeno exercício importante da escuta do outro. É difícil porque por trás do catolicismo estão séculos de intolerância, da incapacidade atávica de lidar com o diferente, com ideias