Fala e escrita
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Praia Vermelha
Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH)
Língua Portuguesa, Prof.ª Luana Machado
KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. “Fala e Escrita”. In: Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2 ed. – São Paulo: Contexto, 2011. p. 13-30
- Fala e escrita: duas modalidades em um continuum
O texto é um evento sociocomunicativo, que ganha existência dentro de um processo interacional. Tendo em vista as modalidades de texto - escrito e oral -, Koch caracteriza as duas, diferenciando-as.
No texto escrito não há participação direta e ativa do interlocutor, devido ao distanciamento entre escritor e leitor; a dialogicidade constitui-se numa relação "ideal", já que o escritor prevê as respostas e reações do leitor; o contexto de produção e recepção não coincidem nem em termos de tempo nem de espaço; o escritor tem tempo para um planejamento, uma execução mais cuidadosa e para revisão.
O texto falado, entretanto, emerge no próprio momento da interação. Ou seja, é o rascunho de si mesmo. A linguagem no texto falado difere da linguagem do texto escrito, pelo próprio fato de ser falada e por contingências de sua formulação. A coprodução nesse tipo de texto é bem menor, haja vista quando um interlocutor domina ou monopoliza totalmente o turno (a vez da fala).
A autora ressalta, porém, que em textos mais informais, como a conversação face a face, a coprodução se manifesta em grau máximo, ao contrário de situações informais, como palestras e conferências, em que esse grau é mínimo.
Importante é não entender fala e escrita como formas de comunicação dicotômicas, mas como formas que se distinguem dentro de um continuum tipológico das práticas sociais, como assinala Marcuschi (1995: 13).
Levando-se em conta critérios como proximidade / distância e o envolvimento maior ou menor dos interlocutores, percebe-se que há situações em que textos escritos se situam, no contínuo, mais próximos ao