Fahrenheit 451

Fahrenheit 451 (1966)

O título do livro de Ray Bradbury, o qual Truffaut escolheu adaptar em sua única obra rodada em solo americano, se refere à temperatura em que o papel queima. A trama se passa em um futuro próximo e fala sobre uma sociedade treinada a desempenhar suas funções sociais, sem questionarem as razões ou entenderem bem o que exatamente são designados a fazer. Este modo de vida obediente e nada questionador deve-se a uma infância sem livros. As escolas ensinam que não se deve ler e que qualquer tipo de literatura deve ser aniquilado pelo fogo, com o argumento de que seu conteúdo torna as pessoas infelizes.

Nesta sociedade os bombeiros não se ocupam em apagar incêndios, mas em ateá-los! Montag (Oskar Werner) se divide entre seguir sua profissão, perseguindo e executando qualquer pessoa que seja vista de posse de um livro e um questionamento que abala suas convicções mais aguerridas: teria ele lido algum dos livros que queimou?

Dentre as várias idéias geniais que o filme nos apresenta, algumas resistem a sair de nossa memória. Sem poderem guardar seus livros, os homens acabam tendo que decorar suas obras favoritas para poderem publicá-las no futuro, formando uma “biblioteca humana” (elemento copiado recentemente no fraco: “O Livro de Eli”). Poucas vezes um simbolismo foi tão funcional e pungente.

Nesta obra inesquecível, o diretor nos apresenta a pior tragédia que poderia nos acometer: a ignorância. Simbolizada pela descoberta tardia do personagem de Oskar Werner, sobre a periculosidade dos livros para os regentes de sua sociedade: propiciar o pensar por si mesmo, questionar e aprender a se defender. Brilhante e assustadoramente