Extratos do manifesto
01-Ago-2010 | O Manifesto "Um povo, uma cultura", foi redigido durante o verão de 1945 em França, com o objectivo de criar uma verdadeira Educação Popular, que considerava não pode ser um monopólio da idade escolar. Este Manifesto reivindicava a existência de instituições educativas próprias, que não deveriam ser cópias de escolas, nem redutos para uns poucos entusiastas, mas sim grandes espaços construídos à mesma escala dos problemas levantados pela era das massas. Na origem da criação da nossa equipa está a revolta contra a separação da cultura e do povo, do ensino e da vida. Há já muito tempo que nos parecia insuportável este estado de coisas, mas a Resistência [contra a ocupação nazi] fez-nos ganhar uma consciência mais forte deste antagonismo.
O direito ao saber é inseparável do direito ao bem-estar. Sabemos que a educação é, depois do pão, a primeira necessidade do povo. Porém, nada do que existe – nem cursos públicos, nem cursos pós-escolares – correspondem às nossas aspirações.
Vão acusar-nos de ingratidão. Sim, a escola serviu-nos, mas acusamo-la de nos ter preparado mal para as tarefas de hoje e pior ainda para os grandes empreendimentos do mundo de amanhã. A acção tornou-nos exigentes em relação à vida. Queremos guardar o contacto com as pessoas, com os verdadeiros problemas da condição humana. Vamos esforçar-nos por colocar, de acordo com as realidades do nosso tempo, as bases de uma verdadeira educação das massas e das elites.
Fala-se muito de cultura popular, como de um ensino menor oferecido a um meio social desprovido de saber. Por cultura popular, entende-se difusão da cultura na classe operária. Mas que abrange esta palavra “cultura”? Em geral, não é mais que uma soma arbitrária de conhecimentos, sem qualquer unidade orgânica, sem ligação à vida. A cultura burguesa está em crise. Não é ela que pretendemos levar à classe operária. O paternalismo é tão detestável no domínio