Exploração da mão de obra infantil
Para muitos, pode parecer fácil erradicar o trabalho infantil. Entretanto, convém lembrar que já está arraigado no modo de pensar dos brasileiros "que criança também tem que contribuir no sustento da casa", que "o ócio é o pai de todos os vícios" ou "antes trabalhar do que roubar". De fato, é uma questão cultural, e por isso mesmo difícil de ser neutralizado. A exploração da mão-de-obra infantil é uma prática secular e rotineira em todo mundo. Não haveria de ser diferente no Brasil, onde as desigualdades sociais são mais gritantes e as crianças são utilizadas para reforçar o orçamento doméstico. Mãos pequenas e frágeis continuam a escrever um triste capítulo da história do Brasil. Embora o trabalho infantil seja proibido por lei, hoje, estima-se que aproximadamente quatro milhões de crianças com idade inferior a 14 anos ajudem a alavancar a economia do país, deixando marcas de sua infância nas lavouras de cana, tomate, laranja, algodão. Sem tempo para brincadeiras, esses brasileiros aprendem cedo as formas mais brutais da existência. Para eles não estão reservadas atividades que desenvolvam a criatividade, a inteligência ou o exercício da cidadania, mas o trabalho em pedreiras, em carvoarias, em olarias. Ocupações degradantes e vexatórias, geralmente rejeitadas pela maioria dos adultos, que comprometem o desenvolvimento físico e psicossocial dessas crianças. Embora a incidência de trabalho infantil esteja a diminuir, um grande número de crianças continua a trabalhar e por um longo período de horas. O Departamento de Estatística da Organização Internacional do Trabalho estimou em 2000 que, mundialmente, existiam à volta de 211 milhões de crianças, entre cinco e catorze anos de idade a trabalhar, sendo, Ásia, África e América Latina os países que registaram as maiores percentagens. As principais razões para algo de tal forma tão cruel como o trabalho infantil são muitas, de entre as quais se destacam a pobreza o analfabetismo. A