Experiência e linguagem
Martha D’Ângelo
[...] qual o valor de todo o nosso patrimônio cultural, se a experiência não mais o vincula a nós?
(Benjamin, 1994, p. 115)
Desde seus primeiros escritos Benjamin manifestou interesse pelo conceito de experiência. Sua grande preocupação no texto "Experiência" (1913) é dissolver o sentido dado a esta palavra pelos adultos conservadores, que jamais levantam os olhos para as coisas grandes e plenas de sentido, e desmistificar o conceito de jugendstil (estilo de juventude), mostrando que se trata de uma estratégia utilizada pela cultura burguesa com o objetivo de conservá-la e ao sistema. O significado dado no texto às palavras "sensibilidade", "espírito", "verdade" revela as inclinações românticas e metafísicas do autor. O sentido e as implicações mais profundas de uma verdadeira experiência não constituem ainda objeto de investigação. Trata-se tão-somente de desmascarar o adulto que, acovardado diante da vida, usa sua própria vivência para desacreditar todas as tentativas de conquista de algo grandioso.
O interesse de Benjamin pelas questões mais gerais da linguagem e da comunicação humana também está intimamente ligado ao problema da experiência, ainda que inicialmente isso não apareça de forma explícita. No texto sobre a linguagem ("Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem dos homens"), de 1916, ele relaciona experiência, língua e essência espiritual humana. A essência espiritual, tanto do homem como das coisas, isto é, a essência espiritual em geral, é definida como linguística. A linguagem das coisas é imperfeita, pois a ela foi negado o puro princípio formal linguístico: o som. Em sua linguagem muda, a natureza se comunica segundo as possibilidades de uma magia da matéria. O incomparável da linguagem humana, em relação à linguagem das coisas, é que sua magia é imaterial e puramente espiritual.
Mas a língua paradisíaca do homem, que mantinha intacto seu poder de nomear as coisas, foi corrompida pela