Evasao
Professores, familiares e estudantes se mobilizaram para acabar com as faltas numa escola da segunda etapa do ensino fundamental
Um passo de cada vez.
Quem vê o índice zero de evasão que nossa escola conseguiu em 2009, 2010 e 2011 talvez nem imagine que diminuir as ausências e o consequente alto índice de abandono foi o meu principal desafio quando assumi a direção, em 2004. Atendemos à segunda etapa do Ensino Fundamental e sempre soube que uma ação autoritária afastaria os pré-adolescentes. Elaboramos um projeto com várias fases e a primeira iniciativa foi pensar em parceiros: a família, os professores e os alunos. Uma equipe, com coordenador pedagógico e docentes, realizou visitas domiciliares para conversar com os pais. Ao mesmo tempo, lançamos a campanha Aluno Solidário, recrutando estudantes dispostos a ajudar colegas que faltavam a recuperar os conteúdos perdidos. Em três anos, as faltas diminuíram muito, mas era possível melhorar os resultados e, em 2007, inauguramos um novo estágio do plano, a chamada online. Funciona assim: por meio de um programa de computador, a coordenadora acessa as informações dos diários de classe na primeira aula e, de imediato, telefona aos pais dos faltosos. Não demora e vários adolescentes aparecem para a aula, mesmo atrasados, e não perdem o dia letivo. A última fase do trabalho começou em 2010. Descobrimos que nossas principais rivais pela atenção da turma eram as lan houses e criamos uma tática: os estudantes recebem uma agenda e os professores utilizam carimbos para documentar quem é assíduo, faz a lição de casa e se comporta bem. Ao fim do bimestre, tudo é computado e se transforma em bônus para o aluno usar o laboratório de informática no contraturno.
Além de resolver o problema das faltas, essa soma de estratégias trouxe benefícios maiores. As famílias tornaram-se nossas parceiras, os professores passaram a compreender melhor a realidade dos adolescentes e muitos alunos descobriram que