etnomatematica
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DIÁRIO DO GRANDE ABC
O professor Ubiratan D‘Ambrósio, pai da etnomatemática, fala sobre os fundamentos da sua teoria
Para ele, a matemática é usada como filtro social que define quem tem condições de tomar decisões
Seri
Etnomatemática
O
ensino de matemática não pode ser hermético nem elitista. Deve levar em consideração a realidade sócio cultural do aluno, o ambiente em que ele vive e o conhecimento que ele traz de casa. Essas afirmações fazem parte da etnomatemática, teoria defendida por Ubiratan D‘Ambrosio, professor emérito de matemática da Unicamp, professor do Programa de Estudos Pós-Graduados de História da Ciência da PUC de São Paulo, professor credenciado no Programa de PósGraduação da Faculdade de Educação da USP e do Programa de Pós-Graduação em Educação
Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp.
Condicionamento – Segundo D’Ambrósio, desde pequena a criança é condicionada a achar que a matemática é complicada. “Se ela tem em casa um irmão mais velho, já ouve que matemática é difícil. É um comportamento condicionado: ela entra na escola apavorada com a disciplina.”
Ele diz acreditar que o natural seria a matemática ser tratada como um conhecimento presente em todas as coisas do cotidiano das pessoas.
“Como era até a Idade Média. Já nos séculos, XVII, XVIII e XIX, a matemática entra na página da ciência e da tecnologia.
Surge a idéia de uma matemática mais rigorosa e precisa. A partir da transição do século XIX para o XX, a disciplina passa efetivamente a lidar com tecnologia e ciência e inicia-se o conceito de que o aluno tem que estar preparado para isso.”
O professor explica que desse período em diante a escola passou a atribuir à matemática um caráter rigoroso, com muitas abstrações, esquecendo-se que ela está no cotidiano das crianças e que é espontânea.
“Olhar, classificar, comparar são princípios da matemática. Se alguém