Etnologia Indígena
As distintas formas de organização social dos coletivos indígenas trouxeram para estudiosos o desafio de compreender como esses grupos se organizam. Nesse ensaio a reflexão recai sobre as maneiras como esses pesquisadores conceberam os arranjos sociais distintos, e seus desdobramentos no que diz respeito aos aparatos metodológicos que tornaram possíveis o entendimento das complexas formas de organização social entre os índios das terras baixas sul- americanas.
Há um vasto material histórico que revela as dispersões de povos indígenas pelo Brasil, dispersões por sua vez que possibilitaram o contato entre distintos coletivos indígenas. As classificações entre os povos indígenas foram de acordo com algumas de suas especificidades sendo elas a priori pelo tronco linguístico.
Os fluxos culturais desses coletivos por toda região do Brasil ao longo dos séculos, assim como o hibridismo entre eles, possibilitaram empréstimos culturais, tanto na língua como em diversas práticas exercidas pelos grupos de troncos linguísticos semelhantes e entre troncos linguísticos diferentes. Galvão utiliza a noção de áreas culturais em um sentido não tão amplo como o utilizado pelos difusionistas americanos, mas aplicado áreas culturais, geográficas e ambientais onde haveriam certas semelhanças culturais entre os coletivos indígenas.
Assim, as classificações linguísticas, geográficas e de cultura material como distinções da cultura desses grupos, por si só ainda não foram precisas para a compreensão das formas como tais coletivos reproduziam suas relações sociais, foram necessários, sobretudo, a compreensão desses povos através de outros fatores preponderantes.
Melatti (2011) critica a ideia de traços culturais semelhantes como meio para demarcação das áreas, posto que, confere uma limitação da cultura do grupo, pressupondo uma homogeneização cultural e não há necessariamente uma aculturação de uma das