Uma breve relação entre Etnologia Indígena e Literatura Brasileira nos primeiros toques da colonização do Brasil
Com este trabalho pretende-se demonstrar o conceito antropológico subjacente abordado com o exercício do paradoxo na perspectiva do filósofo francês Michel de Montaigne a respeito da sociedade Tupinambá e consequentemente da monarquia francesa ainda no século XVI:
“(...) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e, na verdade, cada qual considera bárbaro aquilo que não se pratica em sua terra. E é natural, porque só podemos julgar da verdade e da razão se ser das coisas pelo exemplo e ideia dos usos e costumes do país em que vivemos” (MONTAIGNE, 1987: 331).
Neste caso o autor trata, entre outros aspectos, da antropofagia dos povos em questão, utilizando como referência o imaginário fértil dos viajantes que estiveram na “França-Antártica”.
O filósofo M. Montaigne, em seu ensaio “Dos canibais” apresenta uma ideia de satanização dos canibais, desenvolvendo o exercício do paradoxo, o qual se refere à relação entre selvagem e civilizado.
Os selvagens seriam considerados como frutos da natureza, sendo intocáveis, e isso por não sofrerem a influência dos europeus, conseguindo manter a harmonia com a natureza.
Para Montaigne não há uma verdade absoluta, ele relativiza a noção de verdade, e então surge o outro, pois não existe um tipo ideal de homem.
Na frase “cada qual considera bárbaro aquilo que não se pratica em sua terra”, tem-se em evidência o etnocentrismo, e para isso, Lévi Strauss constata que se não houvesse o etnocentrismo não haveria diferenciação, porque para reafirmar-se uma cultura é necessário que haja a diversidade da cultura do outro. Seria uma ideia de que sou assim e me vejo desse modo justamente por ver o outro de forma diferente e ter a certeza de que não se é esse outro.
Essa questão de diferenciação pode ser melhor concebida nas ações de oposição entre os selvagens e os civilizados. Pode-se ter