Etnografia
Etnografia
Introdução
No livro Travesti, de Don Kulick, a tarefa da etnografia em compreender a vida através da ótica dos sujeitos constituintes da cultura estudada foi cumprida com êxito.
O autor se interessou por esse objeto casualmente – ao se deparar com as travestis em uma viagem ao Brasil – pois, para ele era algo nunca visto e irreverente o bastante para que ele voltasse ao Brasil para um trabalho de campo com as travestis.
Vida das Travestis em Contexto
Durante o período em Campo, Kulick coletou muitas informações mediante a observação participante e uma longa série de entrevistas que são suficientes para iniciar o leitor no universo das travestis à medida que descreve a cultura em que vivem, seu modo de agir, pensar, falar e como concebem a si mesmas.
É notável que o trabalho que resultou nesse livro tem um grande diferencial em relação à maioria das abordagens a respeito do tema travesti, as quais geralmente atrelam às travestis características negativas como prostituição e marginalidade. O trabalho de Kulick expõe outros aspectos da vida delas, e também ao contrário da maior parte do material sensacionalista e raso sobre as travestis, sua investigação se aprofunda no universo delas e possibilita um entendimento de suas práticas.
O pesquisador realizou sua investigação durante 12 meses de trabalho de campo, nesse intervalo ele teve contato próximo e contínuo com seu objeto. Faziam refeições juntos, conversavam em muitos momentos como enquanto elas faziam seus rituais de beleza, assistindo filmes de madrugada e enquanto elas fumavam. Kulick também as acompanhava todas as noites até as ruas onde trabalhavam para observar um dos aspectos centrais de suas vidas, a prostituição.
Para coletar informações, o pesquisador utilizou durante toda a convivência com as travestis um gravador para registrar suas