A etnografia é uma metodologia qualitativa de pesquisa que teve sua origem na antropologia cultural. Estudos etnográficos de Franz Boas (1858 – 1942) e Malinowski (1884 – 1942) inspiraram o desenvolvimento de pesquisas que passaram buscar a compreensão da sociedade sob o ponto de vista das pessoas que nela vivem. Ou seja, a etnografia tem como objetivos entender a visão que os nativos têm de seu mundo, uma visão própria do grupo, também aprender (mais do que estudar) a partir dos membros de um grupo cultural, descrever uma cultura ou aspectos de uma determinada cultura, compreendendo a natureza humana. O ir, o ver e o viver com os nativos foram marco inicial do surgimento da antropologia científica e a observação participante se tornou a principal técnica para atingir esses objetivos. Para Lapassade (2001), a expressão observação participante tende a designar o trabalho de campo no seu conjunto, desde a chegada do pesquisador ao campo da investigação, quando, então, inicia as negociações que lhe darão acesso a esse campo, até o término do estudo, depois de uma longa estada no cenário da pesquisa. Ainda, em Lapassade, definimos que esse tipo de observação participante é ativa ou completa, que, segundo o autor permite ao pesquisador torna-se partícipe das atividades, como membro do estudo, como um de seus participantes. Como revela a própria denominação, a observação participante é rica em detalhes, não é passiva e nem inerte. Desse modo, o pesquisador no contexto da observação participante pode interagir ativamente como membro em todas as atividades do grupo, demonstrando habitualmente que sabe ver e ouvir atentamente, registrando o mais fielmente possível todas as informações pertinentes. A investigação é feita de dentro, é vivida junto aos sujeitos. De acordo com Moreira e Caleffe (2006), a etnografia tem como característica enfocar o comportamento social do sujeito no seu cenário cotidiano, confiando em dados qualitativos obtidos a partir de