A experiência do homem contemporâneo não pode ser compreendida fora de suas relações com a imagem. A concentração, a densidade e a produção de imagens na sociedade atual nos empurram para uma condição de existência qualitativamente nova - o mundo simulacional, também chamado mundo da cultura pós-moderna -, na qual se aboliu a distinção entre realidade e imagem (Baudrillard, 1991). Este fluxo veloz dos signos e imagens que saturam a trama da vida cotidiana nos remete a uma nova dimensão da sociedade e da cultura, balizada pela necessidade de se moldar a vida de maneira que o prazer estético esteja associado ao desenvolvimento do consumo de massa em geral. O capitalismo, em sua faceta mais atual, não vê a sociedade de consumo como apenas divulgadora de um materialismo dominante, como na fase do capitalismo clássico. Ao confrontar sistematicamente as pessoas com imagens criadas mediante a publicidade, a mídia e os espetáculos da trama urbanizada da vida diária, a cultura do consumo está empenhada na construção permanente de novos gostos, sensações e estilos de vida, estetizando o desejo ao ponto de substituir o valor de uso original das coisas pelo seu valor de troca abstrato (Featherstone, 1995). Portanto, o consumo de mercadorias se expande em direção ao consumo de signos culturais, ou seja, a aquisição de qualquer mercadoria não se limita mais ao seu valor real de uso, mas traz embutidos os valores, símbolos e estilos de vida que são incorporados aos objetos como partes integrantes de sua presença física no mundo. Isto significa que, ao comprarmos o modelo X de geladeira ou fumarmos a marca Y de cigarro, estamos consumindo simultaneamente a gama de valores e estilos de vida agregados a esses objetos. Os objetos, portanto, ocupam um lugar de destaque nos modos de subjetivação do homem contemporâneo.
Nesta nova fase do capitalismo, real e imaginário se confundem. A fascinação estética está em toda parte fazendo da cultura contemporânea uma cultura