Etica em Psicologia
A pele que habito de Almodóvar, 2011 é realmente um filme para pensar sobre si mesmo, sobre os limites do nosso corpo, sobre os valores que permeiam o exercício de uma profissão. É um filme que expõe e atravessa algumas derrotas do sujeito em seu confronto entre a realidade e seus conflitos internos, em cuja vitória acaba sendo tão extraordinária que a emancipação de qualquer naufrágio causado pela crueza ali exposta termina por tornar o filme uma grande obra que discute temas polêmicos e atuais.
Discuto a questão deste filme sobre dois pontos de vista: a ética do sujeito e a ética do profissional, os limites do seu trabalho e os limites de superação para o bem comum .
A pele que habito é um filme que relata os processos de transformação de um individuo escravizado por uma imagem do passado. A história se desenvolve em torno do médico Robert Legard (Antonio Banderas), que após perder sua mulher em um acidente tenta desenvolver através do instrumento de pesquisa em laboratório uma nova pele, sensível ao toque mas resistente a queimaduras, tecnologia que se existisse no momento do acidente talvez pudesse enfim salvá-la. Nada mais louvável e idealista. Sabemos da necessidade dos bancos de pele por novas pesquisas e novas formas de lidar com um problema de substituição de pele em queimados, que não encontra solução a curto prazo.
No entanto, a personagem de Vera (a mulher que vive presa sob a guarda do médico) é a que vai possibilitar mostrar toda a pervesidade do trabalho do médico. Ela se torna a principal endereçada de seus experimentos.
O personagem de Banderas é primordialmente brutal porque denota um sujeito perturbado por estar afastado da realidade moral.
Através desse personagem Almodóvar tenta demonstar que por detrás de todo individuo amoral, existe um passado que foi determinante para despertar determinadas paixões doentias e obscurecidas, que estariam latentes em todo ser humano. Muito bem colocado, eu diria. Em