Estética
Segundo a ASPS (2005), a cirurgia plástica estética "...é realizada para dar uma nova forma a estruturas normais do corpo com o objetivo de melhorar a aparência do paciente e sua auto-estima [grifos nossos]". As três palavras grifadas resumem bem o que se procura abordar neste estudo: 1) avaliar se, no discurso da Medicina da Beleza, ocorre uma patologização de variações estéticas; 2) a que se refere a frase - melhorar a aparência -; que normas sociais ou biológicas surgem neste discurso, e qual a influência da Medicina da Beleza no estabelecimento dessas normas?; 3) e, por fim, a auto-estima, que é utilizada como justificativa para uma intervenção estética, como ela surge no discurso da Medicina da beleza? Do que se trata?
Antes, no entanto, trabalhemos um pouco com o termo medicalização, termo complexo, que encontra várias definições, aplicações e possibilidades, devido ao fato de que, segundo Lowenberg e Davis (1994), não há atributos suficientes e convergência entre os teóricos para defini-lo como um conceito ou uma ferramenta analítica. Convém especificar a compreensão que o termo ganhará nesse estudo, que é a assimilação (que envolve uma captura e uma transformação) de anomalias3 e variações físicas associadas à aparência física pela racionalidade biomédica. Há outras definições de medicalização, como: ampliação da jurisdição médica na sociedade, aumento do número de médicos e de empresas médicas, maior dependência da população de serviços médicos ou de medicamentos, entre outras.
Para isso, é importante apresentar as características da racionalidade biomédica, que método de saber e fazer é esse, e como ele volta seu olhar em direção à aparência física? Uma racionalidade médica qualquer seria definida, segundo Luz (1993), por um sistema estruturado e composto de cinco elementos teóricos fundamentais: 1) uma morfologia e uma anatomia humana; 2) uma fisiologia ou dinâmica vital humana; 3) um sistema de diagnósticos; 4) um